segunda-feira, 27 de abril de 2009

Várias faces do nosso “Eu”
















Bom.... Como toda boa observadora e curiosa, costumo questionar quase tudo. Faço isso desde que me entendo por gente. Na 4º série do ensino fundamental, a professora vivia me elogiando, dizendo que eu era madura para a minha idade, que tinha um jeito intelectual. No momento, mesmo não sabendo exatamente o significado, gostei, parecia algo bom, e quando descobri do que se tratava, me senti muito feliz. A partir daquele dia, sempre tentava manter o mínimo de cultura, sempre tentando saber mais e mais.... Isso até.... Creio que uns 11 pra 12 anos. E o que houve para mudar isso? Não sei com certeza, só sei que passei a filosofar um pouco menos. Aos 13 anos, como cantava Maysa: “.... Meu mundo caiu.... E me fez ficar assim....”. Meu mundo realmente caiu. Meu doce mundinho rosa chock, cercado de amigos, popularidade, felicidade, e tudo o que de bom tinha acabou.

O que houve? Bom.... Meu mundinho rosa chock/purpurinado/pedaçinho de algodão doce foi pelos ares, quando percebi que estava tudo errado na minha vida. TUDO era falso! Os amigos eram falsos, a popularidade era algo medíocre e fútil, a felicidade era falsa. Nesse período, entrei em profunda depressão, tão profunda que quase me consumiu. Afastei-me de todos os meus “amigos”, que de amigos não tinham nada, joguei fora todas as minhas roupas rosa (que eram quase todas) e reformei o meu guarda roupa, deixando assim definitivamente de ser “paty”, me dediquei mais os colégio, pois estava quase repetindo o ano em matemática, deixei de ser alegre/saltitante/fresca e principalmente, bobalhona. Embora, por mais que deteste admitir, sei que ainda sou meio ingênua...... Resumindo, mudei drasticamente a minha vida..... Como diriam os “pops” do colégio, passei do vinho á água, já que a cada dia me tornava mais fechada em mim mesma e menos visível, até que cheguei ao ponto que ainda sou hoje, invisível, digamos assim.

E depois de relatar tudo isso, passei a me lembrar um dos maiores motivo dessa mudança toda, nessa época, o meu lado homossexual estava quase vencendo o lado hetero. Sentia que a cada dia meu desejo pelo “errado”, como diria a minha mãe, estava ficando mais forte e englobando o dito “certo”. Por um lado estava a verdade, e do outro a homeofobia pregada pela minha família, por medo de decepcioná-los, optei por esmaga a verdade e colocar uma pedra sobre ela, dispersando todo e qualquer pensamento relacionado.... Fiz isso até os 15 anos e meio, quando a pedra desfragmentou e a verdade veio como uma avalanche, ou melhor, veio suave como a brisa da manhã, me envolvendo e abrandando a minha alma, me deixando leve, e a partir daquele dia, voltei a ser feliz!

Por que contar tudo isso? É simples, estou a questionar sobre os nossos vários “eu´s”. O que acontece com ele? Para onde vão? Por que têm vezes certos aspectos dele voltam, nem que seja por uma fração de segundos? O que aconteceu com o nosso “eu” criança, que acreditava em tudo o que os mais velhos diziam? Para onde foi o “eu” do ano passado? Acredito que os nossos “eu´s”, ou ao menos os mais importantes nunca morrem, apenas estão embernado, apenas a espera de serem acordados, quando preciso.