sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O Vizinho




"Na velha cadeira de balanço
Estava o Seu Ciro,
Velho aposentado e metido
Passa o dia cuidando da vida dos vizinhos.
No seu balanço rotineiro,
Não desgrudava o traseiro
Nem para ir ao banheiro.
Velho chimarrista, [1]
Acorda cedo pra discuti política.
De tanto cuidar a vida alheia,
Levaram-lhe a mulher, o cachorro e o carro,
Sem ao menos ter notado!"




[1] Chimarrista = Uma pessoa que tem o costume de tomar chimarrão.

Chimarrão = O chimarrão ou mate é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul, um hábito legado pelas culturas quíchua, aymará e guarani.


Comment: Eu fiz essa paródia em homenagem ao meu "querido" vizinho. Na verdade essa é uma "Cantiga de mal-dizer" que tinha que fazer pra aula de literatura.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

One Mind




Sinopse: Yume vai a uma festa e nela conhece um garoto que a encanta. Com o tempo, eles começam a namorar, só que eles foram longe demais e agora Yume tem que tomar uma importante decisão.


Classificação: + 18
Gêneros: Drama
Avisos: Mutilação




Notas da História: Atenção, essa história é fictícia e de minha autoria. Contém um tema polêmico, o aborto. Se você se sentir ofendido(a) com tema, por favor não leia.

História com fins não lucrativos, apenas para a reflexão e conscientizarão do tema.






One Mind



Eu sou Yume Shantung, tenho 32 anos e sou descendente de japoneses. Vim de uma família tradicional, onde a preferência dos meus pais era que me casasse com um oriental, e não com um nativo do país onde vivemos. Talvez esse tenha sido um dos principais motivos para eu ter feito o que fiz, sem falar de sentir que eu não estava preparada para essa responsabilidade. Mas me arrependo do que fiz, e é por isso que estou escrevendo, para que outras pessoas não cometam o mesmo erro que eu.


Tudo começou quando eu tinha 15 anos, sempre fui uma filha exemplar, com boas notas e bom comportamento. Mas minha melhor amiga e colega de classe, não era nem um pouco parecida comigo, ela era festeira e meio louquinha, mesmo assim nos dávamos bem. Um dia, ela me convenceu a fugir para uma festa. Nessa festa conheci um garoto, o nome dele era Heitor, não demorou muito e começamos a namorar. Eu estava tão apaixonada, que acabei me entregando a ele.


Por causa da nossa inexperiência, acabei engraçando. Quando soube, perdi o chão, não sabia o que fazer, meus pais sempre foram fiéis as tradições e sonhavam em me casar de véu e grinalda em uma igreja, e derrepente eu me descobria grávida?! Como iria contar isso a minha família? Com que cara eu iria olhar para eles? Fiquei completamente desesperada. Contei tudo a Heitor e ele entrou em pânico também, ele estava com 18 anos e estava no quartel, como ele iria nos sustentar com o pouco salário que recebia do quartel? Pois com certeza a minha família seria capaz de me expulsar de casa, e talvez denuncia-lo a polícia, já que ele tinha 18 anos e eu mal iria fazer 16, isso seria aceito como pedofilia e iriam prende-lo!


A minha cabeça só sabia dar voltas e voltas, parecia que iria explodir. Perguntei a opinião da minha amiga, a que me convidou pra ir naquela festa, e ela me deu uma saída: o aborto. Ela disse que conhecia um lugar que fazia abortos escondidos, disse também que era seguro, que a irmã dela sempre ia lá. Na hora não quis nem saber, só a idéia me amedrontava. Mas com o passar das semanas, aceitei a idéia dela, pois me lembrei que minha barriga iria começar a crescer logo e não teria mais como esconder.


Comecei tomando alguns chás que diziam ser abortivos, mas nada deu certo, então com a ajuda da minha amiga que sabia onde consegui, comecei a tomar remédios fortíssimos, que chegavam a me irritar o estômago, para ver se dava certo, mas não deu. Então resolvi seguir a idéia de ir ao tal lugar que minha amiga disse para acabar com tudo de vez. Apesar dos protestos de Heitor, que desde o início queria essa criança, eu fui á clinica clandestina, pago com o dinheiro que consegui vendendo o meu anél de 15 anos, pois não podia simplesmente pedir o dinheiro aos meus pais, eu menti que tinha perdido e recebi uma bronca por isso, mesmo assim estava feliz por estar com o dinheiro. Nos minutos que fiquei a espera de ser atendida, refleti se realmente não seria melhor desistir de tudo e criar o bebê que carregava dentro de mim, ao mesmo tempo que pensava na decepção da minha família, de eu ser a única da família a ter filhos antes do casamento. No final decidi seguir em frente e abortei, Heitor ficou muito chateado comigo e logo terminamos o nosso relacionamento. No início achei que tinha feito a decisão certa, mas a cada ano que passava, principalmente no mês que o meu bebê nasceria, me sentia muito depressiva. Me arrependo amargamente pela minha covardia, de não ter enfrentado tudo de cabeça erguida, em vez de ter fugido.


Hoje 17 anos depois, já estou casada e tenho dois filhos, mesmo assim não consigo parar de pensar no meu bebê, em como seria o seu rostinho, se seria menino ou menina, que hoje seria um belo rapaz ou uma bela moça. Para ver se conseguia amenizar o meu sofrimento, escrevi uma carta e depois visitei um centro espírita, para ver se eu conseguia algum contato para pedir perdão pelo que fiz a essa pobre alma. Após várias tentativas, recebi uma carta psicografada do espírito do meu bebê.







"Oi mamãe, tudo bom?

Eu estou bem, graças a Deus faz apenas alguns dias que você me concebeu em sua barriguinha.
Na verdade, não posso explicar como estou feliz em saber que você será minha mamãe, outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebido.

Tudo parece indicar que eu serei a criança
mais feliz do mundo !!!!!!
Mamãe, já passou um mês desde que fui concebido,
e já começo a ver como o
meu corpinho começa a se formar, quer dizer,
não estou tão lindo como você,
mas me dê uma oportunidade !!!!!!
Estou muito feliz!!!!!!

Mas tem algo que me deixa preocupado...
Ultimamente me dei conta de que há algo na sua
cabeça que não me deixa dormir, mas tudo bem,
isso vai passar, não se desespere.
Mamãe, já passaram dois meses e meio, estou muito feliz com
minhas novas mãos e tenho vontade de usá-las para brincar...

Mamãezinha me diga o que foi?
Por que você chora tanto todas as noites??
Porque quando você e o papai se encontram,
gritam tanto um com o outro?
Vocês não me querem mais ou o que?
Vou fazer o possível para que me queiram...

Já passaram 3 meses, mamãe,
te noto muito deprimida, não entendo
o que está acontecendo, estou muito confuso.
Hoje de manhã fomos ao médico e ele marcou
uma visita amanhã.

Não entendo, eu me sinto muito bem....
por acaso você se sente mal mamãe?

Mamãe, já é dia, onde vamos?
O que está acontecendo mamãe??
Porque choras??
Não chore, não vai acontecer nada...
Mamãe, não se deite, ainda são 2 horas da tarde,
não tenho sono, quero continuar brincando
com minhas mãozinhas.

Ei !!!!!! O que esse tubinho
está fazendo na minha casinha??
É um brinquedo novo??
Olha !!!!!! Ei, porque estão sugando minha casa??
Mamãe !!!!

Espere, essa é a minha mãozinha!!!!
Moço, porque a arrancou??
Não vê que me machuca??
Mamãe, me defenda !!!!!!
Mamãe, me ajude !!!!!!!!
Não vê que ainda sou muito pequeno
para me defender sozinho??

Mãe, a minha perninha, estão arrancando.
Diga para eles pararem, juro a você que vou me comportar bem e que não vou mais te chutar.

Como é possível que um ser humano possa fazer isso comigo? Ele vai ver só quando eu for grande e forte.....
ai.....
mamãe, já não consigo mais...
ai...
mamãe, mamãe, me ajude...

Mamãe, já se passaram 17 anos desde aquele dia,
e eu daqui de cima observo como ainda te machuca
ter tomado aquela decisão.

Por favor, não chore, lembre-se
que te amo muito e que estarei aqui te esperando
com muitos abraços e beijos.
Te amo muito

Seu bebê."




Li a carta com lágrimas nos olhos, mais uma vez lamentei e pedi perdão a Deus por ter cometido um erro tão grande. O que conforta um pouco o meu espírito, é saber que apesar de tudo, o meu querido bebê me perdoou pelo meu erro e que a sua alma puríssima, descansa no reino dos céus.



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Créditos: Carta de um bebê, retirado do site Aborto.com (www.aborto.com.br)